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Cerimônia histórica em Coqueiro Seco diploma as primeiras Boleiras e Boleiros de Alagoas

Foto histórica dos 11 formandos
Foto histórica dos 11 formandos

Mulheres boleiras e quilombolas dos municípios de Coqueiro Seco e Santa Luiza do Norte, em Alagoas, foram diplomadas no dia 24 de agosto na festa de encerramento da etapa-piloto, do projeto “Boleiras das Alagoas”, desenvolvido pela Embrapa Alimentos e Territórios, desenvolvida em Coqueiro Seco e Santa Luzia do Norte. O projeto buscou promover a autonomia sustentável por meio de uma série de capacitações e treinamentos. A cerimônia aconteceu na escola Professora Mércia Silvana de Lima Almeida, no Povoado Cadoz, em Coqueiro Seco, e reuniu os familiares das boleiras e autoridades locais, como a Prefeita de Coqueiro Seco, Decele Damaso, o vice-prefeito Joel Bonfim, vereadores, secretários municipais de Coqueiro e o secretário Municipal da Cultura e do Turismo de Santa Luzia do Norte, Pedro Soares dos Santos, que representou o município.

Herbert Araújo, idealizador do projeto, secretária de Turismo Betânia Barros, prefeita Decele Damaso, Patrícia Bustamante, da Embrapa e o vice-prefeito Joel Bonfim
Herbert Araújo, idealizador do projeto, secretária de Turismo Betânia Barros, prefeita Decele Damaso, Patrícia Bustamante, da Embrapa e o vice-prefeito Joel Bonfim

A entrega dos certificados marca o final de um ciclo de capacitações do projeto, cujo foco foi o fortalecimento da identidade local, a melhoria das condições de trabalho e renda, a formação de capacidades e competências de gestão e o desenvolvimento de produtos e de estratégias de mercado. Ao todo, foram abordadas nove temáticas: resgate histórico de receitas de bolos e do ofício de boleiras; ergonomia e saúde na produção de bolos; segurança do alimento; bolos tradicionais: ingredientes, equipamentos, embalagens e rotulagem; matemática financeira básica; ampliação de mercado; formas de organização: individuais e coletivas; cooperativismo/moeda social; e inserção dos bolos das Alagoas em redes de turismo comunitário.

Prefeita Decele destacou o projeto como um marco para os profissionais que, há anos, fazem das delícias que produzem um patrimônio que encanta gerações
Prefeita Decele destacou o projeto como um marco para os profissionais que, há anos, fazem das delícias que produzem um patrimônio que encanta gerações

A pesquisadora da Embrapa Alimentos e Territórios Patrícia Bustamante lembra que a situação de vulnerabilidade social e a importância cultural do ofício das boleiras foram as razões que a levaram a propor o projeto. “É um momento de reconhecimento e de festa por todo um trabalho realizado pelas boleiras nas nove capacitações. Todas tiveram presença maior do que 80% do curso e hoje têm conhecimento suficiente nas nove temáticas do curso”, afirmou. Para Patrícia, “a arte e a cultura também são ingredientes desses bolos, que são também um potencial patrimônio do estado de Alagoas e do Brasil.

Helena Menezes, da Bioativo Consultoria (à esquerda) e Patrícia Bustamante (à direita) destacaram o empenho dos profissionais para a capacitação
Helena Menezes, da Bioativo Consultoria (à esquerda) e Patrícia Bustamante (à direita) destacaram o empenho dos profissionais para a capacitação

O Secretário Municipal da Cultura e Turismo de Santa Luzia do Norte, Pedro Soares dos Santos, o “Poeta Pedão”, lembrou que não foi uma missão fácil convencer as boleiras a participarem do projeto, por conta do descrédito de algumas com o poder público. Para ele, o sucesso alcançado pelo projeto culminou numa formatura digna de aplausos, repleta de emoção, satisfação e gratidão. “Aperfeiçoamento, crescimento, conhecimento, conscientização, valorização e respeito, tudo isso foi visto e aprendido nesses quase dois anos de projeto”, disse.

Secretária da Cultura de Coqueiro Seco, Jô Rodrigues, destacou a importância do reconhecimento dos profissionais ao apoio dos municípios e da Embrapa para que a tradição seja mantida ao longo dos anos
Secretária da Cultura de Coqueiro Seco, Jô Rodrigues, destacou a importância do reconhecimento dos profissionais ao apoio dos municípios e da Embrapa para que a tradição seja mantida ao longo dos anos

Orgulho e tradição

O ofício das boleiras é tradição que se perpetua por meio de gerações de mulheres que vivem nas áreas periurbanas das cidades do Nordeste. É também resultado da combinação de ingredientes indígenas, africanos e europeus, no qual a participação da mulher está em primeiro plano, gerando renda e sustento para as famílias. Por esse motivo, o foco do projeto foi capacitar as mulheres, embora também tenham sido capacitado homens boleiros.

A oradora da turma de Santa Luzia do Norte, Josiane Cabral de Lima (foto, à esquerda), lembrou que foram suas ancestrais que ensinaram a ela o ofício de boleira. “É uma honra estar aqui representando o projeto Boleiras das Alagoas quilombolas. Tenho muito orgulho, amo o que faço, é tradição trazida pela minha mãe e minha avó, e sou grata a Deus por estar aqui. Fui criada na feira, nasci na feira, e para mim é um orgulho estar aqui dizendo que sou uma boleira quilombola e recebendo esse diploma, de Boleira das Alagoas. Sou grata a cada um de vocês por tudo”, disse, emocionada.

De Coqueiro Seco, a oradora Maria do Carmo dos Santos, dona Carminha (foto, à direita), agradeceu à Deus, à Embrapa e à prefeitura de Coqueiro Seco pela oportunidade dada às boleiras. “Estou muito feliz de ter feito parte desse projeto maravilhoso. Não tenho muitas palavras para dizer, só tenho gratidão por tudo”, disse.

Secretária do Turismo de Coqueiro Seco, Betânia Barros, acreditou no projeto e foi buscar, junto aos gestores, o aval para que o sonho virasse realidade
Secretária do Turismo de Coqueiro Seco, Betânia Barros, acreditou no projeto e foi buscar, junto aos gestores, o aval para que o sonho virasse realidade

O Boleiras das Alagoas foi implementado no âmbito do Projeto Dom Helder Câmara (PDHC Fase II), e executado em parceria com as prefeituras municipais de Coqueiro Seco e Santa Luzia do Norte, o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), o Consórcio Intermunicipal do Sul de Alagoas (Conisul), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida). As ações executadas também contemplam as diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Diplomação da primeira turma foi uma grande festa, mas objetivo é que a tradição de formar novos boleiros e boleiras seja permanente
Diplomação da primeira turma foi uma grande festa, mas objetivo é que a tradição de formar novos boleiros e boleiras seja permanente

Capacitação das boleiras vira curso EAD

A série de capacitações presenciais forneceu um modelo que será transformado numa capacitação on-line no formato de Educação à Distância (EAD), previsto para ser lançado no dia 4 de setembro no canal da Embrapa no YouTube, com acesso gratuito.

Herbert, idealizador do projeto, destacou a parceria dos municípios com a Embrapa e a Escola Politécnica da USP como fator determinante para que um novo mercado se abra em Alagoas
Herbert, idealizador do projeto, destacou a parceria dos municípios com a Embrapa e a Escola Politécnica da USP como fator determinante para que um novo mercado se abra em Alagoas

O curso tem duração total de 9 horas e conta com nove módulos que abordam desde a importância de valorização do modo de fazer bolos como um ofício ligado ao patrimônio cultural, passando por questões sanitárias, segurança de alimentos e aspectos ergonômicos da profissão. Os vídeos foram produzidos pelo técnico Elias Rodrigues, da Embrapa Alimentos e Territórios, e são destinados a mulheres e homens que atuam na produção artesanal de produtos agroalimentares, como bolos tradicionais à base de mandioca e coco.

“Todo o trabalho que fizemos com as boleiras de Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco poderá chegar agora a boleiras de todo o Brasil e até mesmo do exterior”, comemora a coordenadora do projeto Boleira das Alagoas, Patrícia Bustamante.

Fonte: Ascom Embrapa

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